Ana Isabel Fazendeiro, Graciete Costa, Natália Couceiro, Paula Rodrigues, Rosário Cunha, Fernando Rodrigues

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terça-feira, 11 de junho de 2013

Anticorpos anti - Centríolo


O centrossoma é uma região celular localizada perto do invólucro nuclear, que desempenha um papel relevante na organização do citoesqueleto durante a interfase e dos pólos do fuso mitótico durante a divisão celular, após replicação do centrossoma. É composto por um material amorfo e electrodenso, identificando-se, na sua parte central, um par de estruturas cilíndricas com disposição perpendicular, designadas por centríolos.

Estrututalmente, o centríolo é constituído por um conjunto de nove subunidades de três microtúbulos combinados, permanecendo cada grupo ligado longitudinalmente ao adjacente. Estes nove grupos formam a "parede" da estrutura, como hélices de uma turbina.

Quando presentes, os anticorpos anti - centríolo podem identificar-se por imunofluorescência indirecta (IFI), utilizando como substrato células Hep2. O padrão de fluorescência é característico, com observação de uma ou duas estruturas punctiformes fluorescentes, adjacentes à membrana nuclear (células em interfase) e de uma estrutura punctiforme fluorescente em cada pólo do fuso mitótico (célula em metafase).
Estes autoanticorpos são pouco frequentes e de identificação casual, representando aproximadamente 0,1% do total de autoanticorpos identificados na rotina laboratorial.
Ligam-se a proteínas do centrossoma, incluindo a enolase.
Aparecem associados com:
   - fenómeno de Raynaud secundário;
   - doenças do espectro da esclerodermia, incluindo doentes com fenómeno de Raynaud e telangiectasias, esclerodermia limitada e esclerodermia difusa. Os anticorpos anti - centrossoma e anti - centríolo ocorrem em aproximadamente 0,4 a 5% dos doentes, e podem anteceder o diagnóstico clínico de esclerodermia em vários anos;
   - conectivite indiferenciada;
   - casos de hipertiroidismo que desenvolvem posteriormente fenómeno de Raynaud e telangiectasias;
   - doenças infecciosas (viroses)

    Hep2 (x400) - Anticorpos anti - centríolo. Estrutura punctiforme fluorescente em cada um dos pólos do fuso (célula em metafase) e uma ou duas estruturas punctiformes fluorescentes no citoplasma (células em interfase)


    Hep2 (x400) - Anticorpos anti - centríolo

    Hep2 (x630) - Anticorpos anti - centríolo


    Hep2 (x630) - Anticorpos anti - centríolo



    Hep2 (x630) - Anticorpos anti - centríolo

    Hep2 (x630) - Anticorpos anti - centríolo

    Hep2 (x630) - Anticorpos anti - centríolo

    Hep2 (x1000) - Anticorpos anti - centríolo

    Hep2 (x1000) - Anticorpos anti - centríolo

domingo, 14 de abril de 2013

Anticorpos anti - SSA (Ro) e anti - SSB (La)

Anticorpos anti - SSA (Ro)

O antigénio Ro/SS-A é constituído por proteínas (hY1, hY3, hY4 e hY5) associadas a ácidos ribonucleicos (ARN) ricos em uridina, designadas por hY1, hY3, hY4, hY5 (hY = human cytoplasmic). 
A proteína principal tem um peso molecular de 60 kD, tendo sido também identificada uma proteína estrutural e antigenicamente diferente, com um peso molecular de 52 kD.
A proteína Ro 60 kD, que contém uma sequência de 80 aminoácidos (comum às proteínas que se unem ao ARN), interage directamente com as hY - ARN. A proteína Ro 52 Kd não contém a sequência de união aos ARN, não interagindo com a partícula Ro-RNP.
O antigénio Ro 60 kD participa provavelmente na regulação do ARN mensageiro, na tradução e transcrição do ARN, sendo desconhecida a função biológica da proteína Ro 52 kD.

Os anticorpos anti - Ro / SSA e anti - La / SSB coexistem frequentemente. Os pacientes que apresentam anticorpos anti - La / SSB também apresentam anticorpos anti - Ro / SSA, enquanto que apenas 50% dos pacientes com anticorpos anti - Ro / SSA apresentam também anticorpos anti - La / SSB. Os epítopos que determinam a reactividade dos anticorpos localizam-se nas proteínas e não nos ARN.

A maioria dos pacientes que apresentam anticorpos anti - Ro 52 kD apresenta simultaneamente anticorpos anti - Ro 60 kD, sugerindo uma relação na produção de ambos os autoanticorpos.

Anticorpos anti - SSB (La)

O antigénio La - SS-B é uma fosfoproteína de 48kD associada ao ARN rico em uridina, sensível à degradação proteolítica.
Não partilha epítopos com as proteínas Ro, sendo diferentes os genes que codificam ambas as proteínas.
O antigénio La - SS-B participa no processamento dos ARN, sendo essencial no processo de finalização da transcrição pela RNA polimerase III.
A sua localização nuclear e citoplasmática é um reflexo do processo de maturação e transporte de alguns dos ARN celulares.
Inicialmente, os auto-anticorpos ligam-se ao epítopo localizado na região aminoterminal; posteriormente, a ligação estende-se às regiões intermédia e carboxiterminal.
Sugere-se que os anticorpos anti - SSB presentes nos pacientes com lúpus reconhecem epítopos diferentes relativamente aos anticorpos anti - SSB presentes nos pacientes com SS primário.


Os anticorpos anti - Ro / SSA e anti - La / SSB detectam-se por imunofluorescência indirecta (I.F.I.) em células Hep2, podendo observar-se um padrão de de fluorescência nuclear granular fino, por vezes com algumas granulações mais evidentes, com ou sem evidência ténue dos nucléolos, sendo por vezes possível também observar um discreto padrão de fluorescência granular fino de localização citoplasmática.
Alguns dos anticorpos anti - SS-A são de avidez baixa e unicamente detectados por imunoensaio enzimático (ELISA), método mais sensível que a contraimunoelectroforese  ou a imunoprecipitação.

Os anticorpos anti - SS-A e os anticorpos anti - SS-B participam directamente no desenvolvimento das lesões ou, indirectamente, através da formação de imunocomplexos depositados ou formados nos tecidos afectados. Estes autoanticorpos têm a capacidade para fixar o complemento.

Os anticorpos anti - SSA podem ser os responsáveis pelo desenvolvimento das lesões do lúpus eritematoso cutâneo e das lesões cutâneas fotossensíveis no lúpus eritematoso sistémico. A radiação UV aumenta a expressão do antigénio SS-A na superfície dos queratócitos.

A concentração dos anticorpos não tem relação com a actividade da doença.

Os anticorpos anti - SSA ocorrem em:

  • aproximadamente 40 - 90% dos doentes com Síndrome de Sjögren (SS). Nos doentes com Síndrome de Sjögren primário, ocorrem em 60 - 75% dos casos, sendo a percentagem superior nos doentes em que o síndrome é secundário a lúpus, artrite reumatóide, polimiosite - dermatomiosite e cirrose biliar primária. A sua concentração é superior nos pacientes com SS primário, relativamente aos pacientes com lúpus ou artrite reumatóide. No SS primário, associam-se com um início mais precoce da doença e uma evolução mais prolongada, bem como com manifestações extra-glandulares. 
  • aproximadamente 40 - 60% dos doente com lúpus. Os doentes em que ocorre associação de anticorpos anti - SS-A e anticorpos anti - SS-B apresentam um risco menor de nefropatia lúpica e têm um bom prognóstico relativamente aos doentes sem que não existe associação;
  • Mais de 90% dos casos de lúpus neonatal. Esta forma de lúpus relaciona-se com a passagem transplacentar de anticorpos IgG, da mãe para o feto, caracterizando-se por bloqueio auriculo - ventricular congénito, prolongamento de QT, dermatite fotosensível, trombocitopenia e hepatite. O risco de aparecimento deste síndrome aumenta em gestações posteriores. Existe uma associação entre o risco de lúpus neonatal e a ocorrência de anticorpos anti - SS-A e anti - SS-B, com especificidade para o antigénio de 52kD.
         A maioria das mães de recém - nascidos com lúpus neonatal, com ou sem bloqueio auriculo -    
         ventricular, apresentam anticorpos anti - SS-A, mesmo quando assintomáticas;
  • 2 - 12% dos casos de artrite reumatóide. A sua presença associa-se com síndrome de Sicca e outras manifestações extra - articulares, bem como com uma pior resposta à terapêutica imunossupressora, obrigando à administração de doses mais elevadas;
  • 3 - 29% dos casos de esclerodermia. A sua presença associa-se com evolução grave e progressiva da doença (manifestações pulmonares e renais);
  • Na cirrose biliar primária, os anticorpos anti - SS-A de 60 kD ocorrem em 30% dos casos, enquanto os anticorpos anti - SS-A de 52 kD ocorrem em 25% dos casos, com associação a síndrome seco, hipertensão pulmonar e portal.

    Hep2 (x630) - Anticorpos anti - SSA/Ro. Padrão de fluorescência granular fino, com múltiplos grânulos isolados.

    Hep2 (x630) - Anticorpos anti - SSA/Ro

    Hep2 (x630) - Anticorpos anti - SSA/Ro

    Hep2 (x1000) - Anticorpos anti - SSA/Ro 

    Hep2 (x1000) - Anticorpos anti - SSA/Ro

    Hep2 (x1000) - Anticorpos anti - SSA/Ro
                                                                                                          

    Hep2 (x630) - Anticorpos anti - SSA (Ro) e anti - SSB (La). Padrão de fluorescência granular fino, com evidência ténue dos nucléolos (setas)
   
    Hep2 (x630) - Anticorpos anti - SSA (Ro) e anti - SSB (La).

    Hep2 (x1000) - Anticorpos anti - SSA (Ro) e anti - SSB (La).

    Hep2 (x1000) - Anticorpos anti - SSA (Ro) e anti - SSB (La).  








sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Anticorpos anti - Nucleolares


A Esclerodermia é uma doença do tecido conjuntivo que se caracteriza por fibrose da pele, com possível envolvimento de órgãos internos, tais como o pulmão, coração e rim, por lesão dos vasos sanguíneos e das células produtoras de colagéneo que os envolvem.
Predomina no sexo feminino, afectando cerca de 4 mulheres por cada homem.
Esta doença crónica divide-se em duas entidades clínicas diferentes: 

  • localizada, em que a doença se limita a uma determinada área da pele;
  • sistémica, com envolvimento da pele e de órgãos internos. Esta, por sua vez, ainda é dividida em duas formas clínicas distintas (limitada e difusa), que diferem quanto à extensão de envolvimento dos órgãos, evolução e prognóstico da doença.
A forma limitada da Esclerose sistémica envolve a pele da face e da parte distal dos membros, associando-se normalmente ao fenómeno de Raynaud e à ocorrência de hipertensão pulmonar (15% dos doentes). A forma difusa ocorre com envolvimento da pele do tronco e da zona proximal dos membros, bem como do coração e dos rins; o envolvimento pulmonar é mais precoce, com evolução para fibrose pulmonar.


Anticorpos anti - nucleolares  aparecem associados com esta patologia e podem detectar-se por imunofluorescência indirecta (I.F.I.) em células Hep2, devido à maior sensibilidade deste substrato. Podem observar-se padrões de fluorescência nucleolar homogéneo, granular fino e granular grosseiro.
O padrão homogéneo nucleolar deve-se à presença de anticorpos que reagem com o componente granular dos nucléolos Pm-Scl 4-6sRNA.
A presença de anticorpos anti-NOR-90 e anti-RNA polimerase traduz-se num padrão nucleolar granular fino.
Os anticorpos anti-fibrilharina, que reconhecem a U3-RNP do componente fibrilar, originam um padrão granular grosseiro (clumpy).
Os anticorpos anti - ribossomas associam-se a um padrão de fluorescência de localização citoplasmática e nucleolar.

Anticorpos anti - PM-Scl

Os anticorpos anti - PM- Scl ocorrem em, aproximadamente 17% dos doentes em que é identificado o padrão nucleolar, por I.F.I.. Ligam-se a um complexo macromolecular de 11-16 proteínas, com peso molecular variando entre 20 a 110 kD, localizado na parte granular do nucléolo, no nucleoplasma e no citoplasma. Utilizando a técnica de "imunoblot", verificou-se que os autoanticorpos se ligam às proteínas de 110kD e 75kD.
Ocorrem em aproximadamente 5 a 8% dos doentes com Polimiosite, 2 a 3% dos doentes com Esclerodermia e 24 a 50% dos doentes com síndrome de sobreposição Polimiosite-Esclerodermia. Este último grupo de doentes apresenta a forma limitada cutânea da Esclerodermia.
Os anticorpos anti - PM-Scl associam-se com maior frequência a miosite e nefropatia, durante a evolução da doença.
Sugere-se que estes autoanticorpos são um marcador prognóstico do desenvolvimento de artrite  e de    fenómeno de Raynaud. Estão ainda associados com alterações da motilidade esofágica e com discretas manifestações pulmonares intersticiais.

Anticorpos anti - NOR

Os anticorpos anti - NOR-90 ocorrem em, aproximadamente 5% dos doentes em que é identificado o padrão nucleolar, por I.F.I.. Ligam-se a proteínas nucleolares de 94  a 97 kD da região organizadora dos nucléolos (NOR). As zonas NOR são consideradas as zonas de união para a nucleologénese, em que os corpos pré-nucleolares convergem e se unem, para formar nucléolos em interfase. Nelas, encontram-se proteínas não histonas, como a RNA polimerase I, ADN Topoisomerase e fibrilharina.
A proteína NOR-90 localiza-se exclusivamente nas regiões organizadoras dos nucléolos das células em divisão, e nos nucléolos, durante a interfase.

Anticorpos anti - ARN polimerase

Constituem aproximadamente 15% dos anticorpos anti-nucleolares. As ARN - polimerases formam um complexo multiproteico de 8 a 14 polipeptídeos envolvidos na transcrição de diferentes genes. Cada enzima contém 2 subunidades de grandes dimensões (126 e 192 kD) e, pelo menos, seis de pequena dimensão (14 - 18 kD), sendo três delas comuns. O complexo principal contém 4 fosfoproteínas de 18, 64, 80 e 180 kD.
Existem três tipos de ARN polimerases designados por I, II e III, estando a de tipo I localizada no nucléolo e, as de tipo II e III localizadas no nucleoplasma.
Os anticorpos anti - polimerase I são identificados em aproximadamente 4-11% dos doentes com o diagnóstico de Esclerodermia cutânea grave e difusa. Estão associados à ocorrência de manifestações renais, cardíacas e hepáticas graves.
Os anticorpos anti - polimerase II estão habitualmente associados aos anti - ARN polimerase I e surgem em doentes com lúpus e síndromes de sobreposição.
Os anticorpos anti - polimerase III ocorrem em aproximadamente 12 - 23% dos doentes com esclerodermia, associando-se com os anticorpos anti - polimerase tipo I e II.

Anticorpos anti - fibrilharina (U3RNP)

Detectados em aproximadamente 48% dos soros de doentes com anticorpos anti - nucleolares. Ligam-se à fibrilharina, proteína integrante do componente fibrilar do nucléolo que se encontra associada à U3RNA, formando o U3RNP nucleolar.
Os anticorpos anti - fibrilharina são marcadores de diagnóstico da esclerodermia e marcadores de prognóstico em pacientes com envolvimento do intestino delgado, do músculo esquelético e com hipertensão pulmonar.

Anticorpos anti - To/Th - RNP

Estes anticorpos reconhecem uma enzima processadora do ARN, a MRP - ribonuclease (MRP ARN), responsável pela ruptura de endoribonucleótidos no ARN mitocondrial, considerando-se que participa na transcrição e replicação do ADN mitocondrial.
Identificam-se em aproximadamente 25% dos doentes com lúpus. Nos doentes com esclerodermia, estão associados a uma maior frequência de hipertensão pulmonar, fibrose pulmonar e lesão renal, sendo, por isso, um marcador de pior prognóstico que os anticorpos anti - centrómero.


    Relação entre a presença de determinados auto-anticorpos e o prognóstico da esclerodermia.


    Hep 2 (x400) - Anticorpos anti-nucleolares (anti-NOR90 - identificação por immunoblot). É
    característico a fluorescência nas regiões NOR das células em mitose (1) e a fluorescência de aspecto  
    granular fino nos nucléolos (2)
 

    Hep 2 (x630) - Anticorpos anti-nucleolares (anti-NOR90 - identificação por immunoblot). É
    característico a fluorescência nas regiões NOR das células em mitose (1) e a fluorescência de aspecto
    granular fino nos nucléolos (2)
 
    Hep 2 (x1000) - Anticorpos anti-nucleolares (anti-NOR90 - identificação por immunoblot). Nesta
    imagem, evidencia-se uma região NOR na célula em mitose (1) e o aspecto granular fino  da fluorescência
    nucleolar (2)

    Hep 2 (x400) - Anticorpos anti-nucleolares (anti-RNA Pol - identificação por immunoblot). Observa-se
    o aspecto granular  da fluorescência nucleolar (setas)


    Hep 2 (x630) - Anticorpos anti-nucleolares (anti-RNA Pol - identificação por immunoblot). Observa-se
    o aspecto granular  da fluorescência nucleolar (setas)


    Hep 2 (x1000) - Anticorpos anti-nucleolares (anti-RNA Pol - identificação por immunoblot). Nesta
    imagem, é bem visível o aspecto granular da fluorescência nucleolar. No citoplasma, observa-se uma
    fluorescência granular média dispersa (anticorpos anti - mitocondriais)


    Hep 2 (x400) - Anticorpos anti-nucleolares (anti - Th/To - identificação por immunoblot) - aspecto
    homogéneo da  fluorescência nucleolar (setas).


    Hep 2 (x630) - Anticorpos anti-nucleolares (Th/To - identificação por immunoblot).


    Hep 2 (x1000) - Anticorpos anti-nucleolares (Th/To - identificação por immunoblot).


    Hep 2 (x630) - Anticorpos anti-nucleolares (PMScl - identificação por immunoblot). Além do aspecto
    homogéneo e pleomórfico da fluorescência nucleolar, é característico o padrão granular fino denso do
    núcleo.


    Hep 2 (x630) - Anticorpos anti-nucleolares (PMScl - identificação por immunoblot).

terça-feira, 20 de novembro de 2012

Anticorpos anti - Scl70


A Esclerodermia é uma doença do tecido conjuntivo que se caracteriza por fibrose da pele, com possível envolvimento de órgãos internos, tais como o pulmão, coração e rim, por lesão dos vasos sanguíneos e das células produtoras de colagéneo que os envolvem.
Predomina no sexo feminino, afectando cerca de 4 mulheres por cada homem.
Esta doença crónica divide-se em duas entidades clínicas diferentes: 

  • localizada, em que a doença se limita a uma determinada área da pele;
  • sistémica, com envolvimento da pele e de órgãos internos. A Esclerodermia sistémica, por sua vez, ainda é dividida em duas formas clínicas distintas (limitada e difusa), que diferem quanto à extensão de envolvimento dos órgãos, evolução e prognóstico da doença.
A forma limitada da Esclerose sistémica envolve a pele da face e da parte distal dos membros, associando-se normalmente ao fenómeno de Raynaud e à ocorrência de hipertensão pulmonar (15% dos doentes). A forma difusa ocorre com envolvimento da pele do tronco e da zona proximal dos membros, bem como do coração e dos rins; o envolvimento pulmonar é mais precoce, com evolução para fibrose pulmonar.

A topoisomerase - I é um enzima localizado no nucleoplasma e nos nucléolos, unido à histona H1 e ao ADN. Cataliza a separação, o alongamento, a replicação e a transcrição do ADN, sendo também importante na organização da cromatina e na transcrição de genes de RNA ribossómico.


Os anticorpos anti - topoisomerase - I, inicialmente identificados em doentes com Esclerodermia, foram designados por anticorpos anti - Scl70, por reconhecerem uma proteína de 70 kDa. Posteriormente, foram identificados outros auto - anticorpos, dirigidos a uma proteína de 86 kDa (Scl-86).
Actualmente aceita-se a designação de anticorpos anti - topoisomerase - I para os anticorpos anti - Scl 70 e anti - Scl 86 que reconhecem a topoisomerase - I uma proteína básica de 100 kDa associada à histona H1 e ao ADN.


Por imunofluorescência indirecta (IFI) e por microscopia electrónica, é possível localizar o antigénio nas regiões nucleolares NOR visíveis durante a mitose, sendo a topoisomerase - I estável ao longo do ciclo celular.

Não existe uma relação direta entre a concentração de anticorpos anti - topoisomerase - I e as manifestações clínicas da Esclerodermia. Contudo, a concentração de anticorpos anti - topoisomerase - I correlaciona-se positivamente com o grau de envolvimento cutâneo e com a resistência vascular renal, e, negativamente, com a capacidade vital pulmonar.
Sugere-se a sua especificidade para a Esclerodermia (98%), embora a sensibilidade seja baixa e variável com a metodologia utilizada (20-40%).
Estes auto - anticorpos são mais frequentes nos doentes com Esclerodermia difusa (40-75%), relativamente àqueles que apresentam a forma limitada (5-20%).
Nos doentes com a forma difusa da patologia, a presença destes auto - anticorpos associa-se a um maior risco de fibrose pulmonar.
De um modo geral, os doentes com anticorpos anti - topoisomerase - I têm pior prognóstico e menor taxa de sobrevivência do que os doentes  com anticorpos anti - centrómero.
A associação de anticorpos anti - topoisomerase - I e de anticorpos anti - centrómero é excepcional.
A identificação de anticorpos anti - topoisomerase - I em doentes com síndrome de Raynaud primário, sugere o desenvolvimento posterior de Esclerodermia.
Noutras doenças autoimunes, a prevalência destes auto - anticorpos é baixa (geralmente inferior a 10%), sugerindo-se que a sua identificação nestas situações se deve a síndromes de sobreposição com a Esclerodermia.

Os anticorpos anti - topoisomerase - I são identificados por imunofluorescência indirecta (I.F.I.), utilizando como substrato células Hep - 2. O padrão de fluorescência no nucleoplasma varia de mosqueado fino a homogéneo, com ou sem fluorescência nucleolar ponteada, e cromatina positiva nas células em mitose, com ponteado característico.

   Hep2 (x630) - Anticorpos anti - topoisomerase - I. Observa-se fluorescência homogénea no núcleo (1), ponteada nos nucléolos (2) e  na cromatina das células em mitose ponteado característico (3)


   Hep2 (x630) - Anticorpos anti - topoisomerase - I. Observa-se fluorescência homogénea no núcleo (1), ponteada nos nucléolos (2) e na cromatina das células em mitose (3)


    Hep2 (x630) - Anticorpos anti - topoisomerase - I. Aspecto característico, destacando-se a fluorescência ponteada nos nucléolos


    Hep2 (x630) - Anticorpos anti - topoisomerase - I. Observa-se o aspecto característico da célula em mitose.






segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Anticorpos anti - Centrómero

A Esclerodermia é uma doença do tecido conjuntivo que se caracteriza por fibrose da pele, com possível envolvimento de órgãos internos (pulmão, coração e rim), por lesão dos vasos sanguíneos e das células produtoras de colagéneo que os envolvem.
Predomina no sexo feminino, afectando cerca de 4 mulheres por cada homem.
Esta doença crónica divide-se em duas entidades clínicas diferentes: 

  • localizada - em que a doença se limita a uma determinada área da pele;
  • sistémica - com envolvimento da pele e de órgãos internos. A Esclerodermia sistémica, por sua vez, ainda é dividida em duas formas clínicas distintas (limitada e difusa), que diferem quanto à extensão de envolvimento dos órgãos, evolução e prognóstico da doença.
A forma limitada da Esclerose sistémica envolve a pele da face e da parte distal dos membros, associando-se normalmente ao fenómeno de Raynaud e à ocorrência de hipertensão pulmonar (15% dos doentes). A forma difusa ocorre com envolvimento da pele do tronco e da zona proximal dos membros, bem como do coração e dos rins; o envolvimento pulmonar é mais precoce, com evolução para fibrose pulmonar.

Os anticorpos anti - centrómero são habitualmente identificados em doentes com a forma cutânea limitada da Esclerose Sistémica (80% dos doentes) e, mais raramente, na forma difusa (3-12%) desta patologia.
Aproximadamente 60 a 70% dos doentes com anticorpos anti - centrómero apresentam critérios de diagnóstico para a Esclerose Sistémica.
Os anticorpos anti - centrómero podem ser observados ocasionalmente noutras condições, nomeadamente na Artrite Reumatóide, no síndrome de Sjögren primário, no Lúpus Eritematoso Sistémico (2-5%), na Cirrose Biliar Primária, nas vasculites e na Hipertensão Pulmonar Primária. A sua identificação em doentes com Fenómeno de Raynaud, está associada com um aumento da probabilidade de futuro desenvolvimento de Esclerodermia Sistémica Limitada. Considera-se que os doentes com anticorpos anti - centrómero (e/ou Esclerose Sistémica Limitada) têm um risco acrescido de desenvolver hipertensão pulmonar, implicando uma maior vigilância.
Diversos estudos demonstram uma elevada especificidade dos anticorpos anti - centrómero para a Esclerose Sistémica (90% a 99.9%), sendo rara a sua identificação na ausência da patologia. No entanto, a sensibilidade é baixa (21.1% a 33%).
Não existe uma correlação entre o título de anticorpos anti - centrómero e o grau de actividade da doença, permanecendo os títulos estáveis ao longo do tempo.

Centrómero é o local de constrição primária dos cromossomas das células eucariotas durante a metáfase. A estrutura em forma de disco trilaminar na superfície do centrómero, designada por cinetocoro, é o local de ligação dos microtúbulos das células em divisão.
Embora os anticorpos anti - centrómero presentes nos soros de doentes com Esclerose Sistémica reconheçam diferentes polipeptídeos, existe uma associação fundamental com três proteínas centroméricas (CENP-A, de 19 kDa, CENP-B, de 80 kDa e CENP-C, de 140 kDa). Por vezes, podem ocorrer anticorpos dirigidos para outras proteínas centroméricas (CENP - D, E e F).




A detecção dos anticorpos anti - centrómero é efectuada por Imunofluorescência indirecta, utilizando como substrato as células Hep-2. O padrão de fluorescência é único e característico, com aspecto ponteado do núcleo e zona de condensação cromossómica positiva nas células em mitose.

    Hep2 (x400) - Anticorpos anti - centrómero.



  Hep2 (x630) - Anticorpos anti - centrómero. Além do ponteado nuclear, observa-se o aspecto característico da mitose (1).

     Hep2 (x1000) - Anticorpos anti - centrómero. Aspecto ponteado do núcleo.

    Hep2 (x1000) - Anticorpos anti - centrómero. Aspecto característico das células em mitose (1)

     Hep2 (x630) - Anticorpos anti - centrómero e anticorpos anti - mitocondriais.

    Hep2 (x630) - Anticorpos anti - centrómero e anticorpos anti - mitocondriais.

    Hep2 (x630) - Padrão misto (homogéneo, centrómero e fuso mitótico).
    1 - Padrão homogéneo (além do ponteado característico do padrão centrómero,observa-se um fundo      
          homogéneo
    2 - Padrão centrómero
    3 - Padrão fuso mitótico